As minhas melhores
lembranças são suas. Nós dois amanhecendo numa bebedeira inconsequente regada a
conversas cretinas sobre sonhos delirantes. Dois idiotas românticos dando à
cara a tapa para esse mundo de merda. Querendo destruir vidas sem razão, só por
diversão, apenas para ter algo para rir e conspirar numa mesa de botequim. Como
éramos tolos, como ainda somos tolos baby.
Andávamos pelas ruas
cambaleando e cantando para um novo dia que raiava. Saudando mais uma nova
ressaca, que insistente nos perseguia sem dó, atraída pelo bafo de álcool dos
nossos arrotos mais barulhentos. Pulávamos muros perambulando atrás de novos
caminhos, subindo e descendo calçadas improváveis na busca sem sentido por uma
fuga mais poética.
Vomitávamos a vida pelas esquinas colocando as
tripas para fora. Sentindo o gosto das nossas certezas mais amargas. Poças de
desilusões pelo chão. Às vezes era impossível contorna-las e pisávamos firme
espalhando toda merda pela vida. Vivíamos de paixão sem sentido e alguns
trocados amassados nos bolsos do casaco. Dinheiro de bêbado tentando subornar um
coração para bater mais rápido.
Mas não foi o
suficiente e ele desacelerou até finalmente parar. Contagem regressiva cruel. Quem
poderia imaginar que você encararia isso com a cabeça tão erguida? Homens mais valentes borraram as calças, mas
você não, você não colocaria tudo a perder assim no final. Saltou do precipício como
quem mata o último gole de uísque. Bebeu tudo de uma vez e me deixou só com a
saudade.
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